Interdrone 2016: a escala e o escopo da indústria de drones

Tempo de leitura: 10 minutos

Falar sobre a “indústria dos drones” como um conjunto de pessoas e de grupos trabalhando num mesmo objetivo não seria realmente uma maneira justa para caracterizar os indivíduos e organizações que compõem este espaço. As empresas desse mercado não inerentemente diferentes entre si.

Essas diferenças e distinções foram evidentes no Interdrone 2016, que aconteceu de 7 a 9 de setembro em Las Vegas. O evento fornece um bom exemplo da escala e escopo da “indústria dos drones”, uma vez que apresentam insights, informações e produtos para praticamente qualquer pessoa que queira operar um drone, independentemente de sua experiência ou indústria. Das notas-chave às sessões na exposição, a Interdrone é um ótimo lugar para entender o que realmente significa estar envolvido com e em parte da indústria de drone, não importa como você o defina.

De longe o maior tópico no espaço tem a ver com a regulamentação da FAA, principalmente no impacto da “Regulamentação 107” quando foi anunciada e quando se tornou oficial. Ao ouvir sobre essa questão da Administração Federal de Aviação, Michael P Huerta nos dá uma perspectiva completamente diferente.

Com a Regulamentação 107 entrando em vigor, a nota-chave de abertura relacionada a ele foi definitiva e de um jeito que no XPONENTIAL não foi, sendo rápido em apontar que a FAA não teria feito esta regulamentação se tivesse tentado sozinho. Ele mencionou das muitas colaborações e parcerias que a FAA formou com a indústria e que a FAA continuará a trabalhar para proporcionar um equilíbrio entre inovação e segurança, e todos no espaço concordam com isso, já que eles querem ver a integração segura dos UAV’s.

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Gregory McNeal também trabalhou na regulamentação atual e vê ela como positiva, mas pensa além dela. Ele reconhece que a Regulamentação 107 foi a regra que todos estavam pedindo mas pensando em sua logística, significa que teremos milhões de drones no céu ao mesmo tempo. O futuro é um mundo em que milhares de operadores estarão entre 200-400 pés, por isso ele está focando na tecnologia que irá ajudar a resolver nossos problemas, não em policiar. Ele destaca que o caminho adiante não será referente às regras que nos mantém seguros mas sobre a tecnologia que permitirá isso.

As notas-chave de Chris Anderson foram provavelmente o escopo mais abrangente de qualquer outro presente.

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Seu foco foi a respeito sobre como os dados obtidos pelos drones podem e estão sendo usados e como a “nuvem” em breve será essencial neste processo. O jeito antigo de fazer as coisas era configurar para que a missão determinasse quais dados seriam obtidos enquanto o novo jeito de fazer as coisas possibilitará que os dados determinem a missão. Mais do que isso, ele será baseado num sistema de malha aberta, em que o drone comunica com a nuvem e será capaz de entender análises de dados em tempo real para que a missão seja ajustada e as informações desejadas sejam obtidas. Anderson está focado em como será quando drones e dados estiverem completamente conectados, portanto, ao invés da tecnologia de detectar e evitar, seremos capazes de prever um problema e evita-lo, o que  não deixaria que os drones se aventurem nos espaços em que não deveriam estar,  pois se baseariam em mapas coletivos e feedback em tempo real. Os drones tem sido tratados como dispositivos isolados por tempo demais em sua opinião e as possibilidades que serão abertas pela alavancagem da utilização em nuvem são infinitas.

Robert Blair é o vice presidente do Agriculture for Measure, mas antes de tudo ele também é fazendeiro e quis ter a certeza de que qualquer um presente o visse quando caminhou pelo palco para deixar suas observações.

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Ele quis ilustrar o estereótipo que a maioria das pessoas possuem com relação aos fazendeiros, e rapidamente apontou que qualquer um que pensa nos fazendeiros em termos limitados não sabem que estão geralmente negociando com CEO’s de multinacionais, empresas de milionárias. Por toda sua vida ele tem sido fazendeiro e responder a questão sobre como melhorar sua produção é algo que ele lida em diversos aspectos e, os drones estão trazendo um maior impacto nesta resposta. Ele apontou possibilidades sobre como o reconhecimento facial de animais e a “capinagem por laser” irão mudar as coisas, mas nada disso poderá ser feito enfiando tecnologia goela abaixo das pessoas. “Existem necessidades dos clientes a serem compreendidas.”

Sessão de lições

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Os tópicos das sessões variaram de assunto, desde muito gerais como “10 dicas para fazer bons vídeos com drones” para aplicações muito específicas, por exemplo “Como os UAV’s estão mudando o marketing das imobiliárias e as oportunidades aos corretores que os operarem”. Foi interessante ver a dicotomia entre pessoas que visivelmente eram novas no espaço e estavam a procura de algumas informações muito básicas com quem já opera por um bom tempo e que vieram com questões bastante específicas que gostariam de esclarecer.

Houve muitas questões sobre como os drones podem efetivamente serem utilizados e as respostas frequentemente dependeram da experiência dos usuários e da área de atuação. Os seguintes assuntos foram abordados:

“Criando uma empresa de serviços com drones pela Regulamentação 107: tudo o que você precisa para ter sucesso” foi criado e claramente composto por pessoas que possuem ou em breve terão seus certificados sob a Regulamantação 107 e que também exploraram o conceito do quão confortável poderiam estar ao gerenciar seus negócios.

Por exemplo, como os operadores não precisam mais obter permissão para sobrevoar uma área sobre sua propriedade, imaginamos que seria uma questão de preferência pelo operador ou pelo negócio o fato de alguém poder criar um problema ao sobrevoar esta área. Ele também falou no quão competitivo será o espaço já que a Regulamentação 107 já é oficial, também como abordar negócios que poderiam estar querendo incluir prestadores de serviços.

“Regulamentação FAA: a última perspectiva“ trouxe o FAA e especialistas em leis para discutir se o FAA fez corretamente a Regulamentação 107 entre outros tópicos. Enquanto Hoot Gibson do FAA dizia que a administração está numa situação sem precedentes, aceitando os créditos pelo seu trabalho no “107”, Brendan Schulman do DJI foi rápido ao mencionar que a Regulamentação 107 foi um grande primeiro passo, mas ainda existe espaço para crescer e expandir mais. O painél falou sobre algumas das recomendações para os micro UAV’s que ainda estão de fora, bem do que a mudança de empresa para piloto certificado significará para as empresas que já possuem pessoas operando seus drones.

“Salvando vidas: combate a incêndios, busca e táticas de resgate” apresentou uma incrível perspectiva do significado da utilização dos UAV’s para os profissionais.

O painel discutiu como o “107” teria participação em situações sem saída uma vez que tornaria os voos mais fáceis, porém representando um processo totalmente diferente do que estão usando sob a exceção “333”. O mais interessante que foi abordado está relacionado ao maior obstáculo para eles, que é a percepção do público. O feedback do público pode ser negativo devido à preocupações sobre a privacidade, e isso forçado eles a começar pequeno pelo uso de algo familiar. Estar apto a educar o público à sua volta significa que o uso dos UAV’s irá obrigar uma grande mudança dos profissionais na resposta para emergência, busca e resgate.

Como profissionais da agricultura de precisão podem obter o retorno de seu investimento é mais um tópico que temos explorado e o “Oportunidades no uso de drones para a agricultura de precisão” desmembrou isso através da perspectiva dos poucos profissionais que estão trabalhando nesta área. O doutor Charles Malveaux expôs oito áreas para se obter retorno de investimento através do sensoriamento remoto aéreo na agricultura, que incluem o monitoramento melhorado de plantações, aplicação reduzida de produtos químicos e mapeamento da plantação por UAV baseado em sua densidade. Eles falaram em como estão a tecnologia e os sistemas de visão computacional na área da agricultura de precisão, sendo que agora é só uma questão de juntar as duas.

Um dos maiores desafios aos operadores de agora (de todos os tipos e tamanhos) é sobre o que fazer com a informação obtida pelo drone. Estarem aptos a evitar que um drone “se afogue” em dados é a maior preocupação e, na sessão “Os drones e o Big Data (faça mais do seu processamento de imagens)” abordaram este conceito futuro. O apresentador David Presnuk falou sobre a importância da preparação, envolvendo clientes logo cedo e tendo um plano de emergência. Ele mencionou que dados apenas são úteis se puderem prever algo e para isso precisam de uma aplicação em específico. Questões sobre manter dados locais ou colocá-los na nuvem estão surgindo cada vez mais, o que nos traz de volta na preparação de um processo que defina todos os detalhes que forem necessários para isso.

“Mapeando o mundo – a inovação do LiDAR e do Mapeamento em 3D” juntou alguns dos grandes nomes no monitoramento e mapeamento do espaço aéreo para discutir como os drones estão impactando profissionais da área.

Eles reservaram algum tempo para focar no que significa usar fotogrametria ou LiDAR e também quando o uso de um é melhor que o outro. O moderador Colin Snow (também conhecido como “O Analista dos Drones”) teve a certeza de explorar o tema sobre como e porque um profissional deve usar uma abordagem versus a outra e também que tipo de usuários da informação pode se esperar obter ao usar ambos.

O dirigente Will Thompkinson falou sobre os detalhes que ele compartilhou em sua recente série no SPAR3D.com, que culminou nos “Sinais reais de uma boa estratégia com UAV’s.

Prestadores de serviços que estão em busca de um novo negócio através de seus drones estiveram por todo evento procurando respostas sobre como definitivamente sair do chão.

As “Formas de financiar seu negócio de drones“ reuniu pessoas de ambos os lados de um processo de financiamento para conversarem sobre o que fazer para procurar e conseguir um financiamento. Conversaram sobre maneiras de falhar rápido e como evita-las, os prós e contras das diferentes plataformas de financiamento coletivo e também o quanto pode custar uma voz perdida na sala de reuniões. Um dos pontos mais importantes apareceram durante a sessão sobre o conceito de pensar além do investimento, como todos que estão buscando formas de financiamento devem pensar num passo além do dinheiro e que precisam estar aptos a falar sobre sua visão de negócios. O moderador Christopher Korody manteve o painel focado neste tópico e fez ele discorrer sobre alguns exemplos em específico.

Autoria: Jeremiah Karpowicz

Traduzido e Adaptado por Rafael Murat

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