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Em um futuro próximo, os produtores brasileiros poderão tomar decisões a respeito de sua lavoura ou rebanho sem sair do escritório. Apesar do estranhamento que este cenário pode causar, ele começa a se tornar realidade graças aos veículos aéreos não tripulados (vant) – ou drones, como são popularmente conhecidos.
A tecnologia, desenvolvida nos Estados Unidos para fins militares, adequou-se a diversas funcionalidades e tem se consolidado como aliada do agronegócio em todo o mundo. Dentre suas aplicações, no ambiente rural ela tem revolucionado as rotinas do campo ao viabilizar o monitoramento aéreo de práticas agropecuárias, da utilização do solo e dos recursos naturais.
Os vant têm diferentes portes, e podem atingir diversos níveis de altitude e alcance. De acordo com o professor e pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), Rubens Duarte Coelho, esses equipamentos equivalem a um “tripé voador”.
Ao sobrevoarem uma plantação, as imagens das câmeras acopladas a esses veículos permitem mapear o solo, identificar zonas de erosão, falhas de plantio no talhão, acompanhar o estado nutricional das plantas, estresse hídrico, além de identificar doenças, pragas e o surgimento de ervas daninhas, entre tantas outras aplicações que dependem do tipo de câmera utilizada.
“O sensoriamento remoto de alto nível técnico requer imagens captadas com câmeras digitais mais sofisticadas”, explica Coelho.
As imagens registradas pelos drones são interpretadas por softwares (SIG), cujas análises servem de direcionamento para o agricultor adotar práticas de manejo adequadas para cada diagnóstico. Os vant também abrem novos horizontes para a agricultura de precisão, que já se utiliza de ferramentas para a obtenção de informações sobre alvos na superfície terrestre por meio de imagens captadas por satélites em órbita ao redor da terra.
“A integração dos drones com a agricultura de precisão é imediata, pois a tecnologia nada mais é do que um sensoriamento remoto de baixa altitude e com alta resolução”, explica Coelho.
Os rumos da tecnologia
O pesquisador da área de Instrumentação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Lúcio André De Castro Jorge, estima que o interesse pelos drones cresceu vertiginosamente nos últimos dois anos. “Eles têm tido muita aceitação, principalmente entre as usinas de cana-de-açúcar.
A utilização de câmeras que captam o espectro visível, aquilo que é percebido pelo olhar, é o recurso mais utilizado no momento, mas outros tipos de sensores, em outras bandas, têm sido estudados pela Embrapa Instrumentação e devem proporcionar uma grande revolução na agricultura de precisão nos próximos anos”, diz.
O desenvolvimento da tecnologia dos vant também impulsiona essa expansão a partir da incorporação de materiais mais leves, sistemas globais de navegação, ampliação de links de dados, sensores sofisticados e preços mais acessíveis.As câmeras também evoluíram bastante e, cada vez mais, existem modelos que registram imagens até 300 bandas espectrais, ou seja, em níveis invisíveis a olho nu, que captam, por exemplo, a estrutura química e física das plantas.
“A utilização dos drones na agricultura e a sua implantação em áreas comerciais está ocorrendo de maneira bastante criteriosa. Certamente é uma ferramenta essencial ao desenvolvimento do agronegócio no Brasil, um caminho sem volta. Mas ainda precisamos aprender a usar esta tecnologia no dia a dia”, opina Coelho.
As primeiras experiências com drones na agricultura começaram no início dos anos 80 e, embora ainda não sejam utilizados em larga escala e não disponham de regulamentação pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), alguns agricultores já se beneficiam com o direcionamento que a tecnologia oferece ao seu negócio.Aproximadamente 10 empresas oferecem veículos para operações com fins agropecuários realizadas por meio de liminar judicial ou autorização para operar em caráter experimental.
Enquanto não é estabelecido um marco regulatório para os drones, instituições de pesquisa – como o Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB), da Esalq, e a Embrapa Instrumentação – têm protagonizado trabalhos para aprimorar as experiências com a tecnologia no país.
O professor da USP orienta os empresários agrícolas que, ao decidirem pela utilização dos vant, contratem inicialmente o serviço de empresas e universidades que ofereçam consultoria especializada e parcerias de pesquisa nesta área.
“São muitos detalhes como aeronave, câmera digital e softwares que precisam ser dominados para se tirar proveito desta tecnologia”, finaliza.
Fonte:Monsanto em Campo
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