O que você precisa saber sobre o “efeito domo” no mapeamento com drones

Tempo de leitura: 5 minutos

Autora: Eng. Janice Ferreira da Silveira | Formada em Engenharia Hídrica na UFPel. Consultora Ambiental na Reference Agronegócios, empresa que atua no segmento do agronegócio trazendo soluções em topografia e engenharia, georreferenciamento, licenciamento ambiental, além de certificações em armazenagem de grãos e mapeamento aéreo. Possui mais de meio ano de experiência em fotogrametria com drones trabalhando com mapeamento aéreo, principalmente, de áreas rurais.

Olá pessoal, como estão? Espero que bem! Hoje no espaço do Blog Colaborativo da Droneng, gostaria de falar sobre um tema fundamental na hora de mostrar o seu trabalho com drones na agricultura, na topografia, ou qualquer que seja sua aplicação, para o seu cliente: os produtos gerados através do mapeamento com drones e a qualidade.

Drones são capazes de construir mapas muito ricos em informação e em uma apresentação muito sofisticada e, além disso, de uma maneira extremamente ágil e prática. Em face disso, essa ferramenta vem ganhando mais espaço no mercado a cada dia, como também vem abrindo novos mercados. O uso de drones na agricultura é a aplicação onde existe a maior expectativa de crescimento, entretanto é possível identificar áreas de atuação bastante distintas como, por exemplo, meio ambiente, vigilância, topografia, mercado imobiliário, mineração, arquitetura, cinema, entre tantos outros.

O mapeamento com drones é uma nova ferramenta que muitos empresários estão incorporando as suas antigas atividades justamente pela agilidade e riqueza dos produtos que podem ser obtidos com o seu uso. Mas que produtos são esses afinal? Os principais são os ortomosaicos e os modelos 3D. A partir destes dois produtos é possível gerar diversos subprodutos pela aplicação de técnicas de geoprocessamento e análise espacial podendo assim serem produzidos mapas de índice NDVI, modelos digitais de terreno e de superfície (MDT e MDS), mapas térmicos, mapas de detalhamento e medições de áreas, representações 3D de construções, entre tantas outras possibilidades que dependem da nossa capacidade criativa e das necessidades apresentadas pelos clientes. Porém, é preciso gerar estes produtos com a devida qualidade para que não sejam passada informações equivocadas.

Para abordar esse assunto trago até vocês um trabalho muito bacana feito pela New America chamado Drones and Aerial Observation publicado em julho de 2015. Vocês podem acessar esse material aqui: (http://drones.newamerica.org/primer/DronesAndAerialObservation.pdf ). Drones and Aerial Observation aborda diversos aspectos do mapeamento com drones. É um material de muita qualidade e recomendo a todo profissional do ramo apropriar-se de seu valioso conteúdo como forma a melhorar todas as etapas envolvidas no mapeamento com drones.

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Figura 1. Capa da publicação Drones and Aerial Observation – New America.

Dentre os vários capítulos, o capítulo 4 trata do tema “Como fazer mapas com drones”. É impressionante a atenção a todos os detalhes que os autor Greenwood traz distribuindo em tópicos todo o capítulo: tipos de mapas, planejamento do vôo, design da rota de vôo, sobreposição das imagens,  planejamento de vôo   e qualidade de imagens, sensores, altitude, ângulos de mapeamento, GPS e georreferenciamento, pontos de controle em solo, software de processamento e modelos 3D.

Chamo a atenção para o tópico no qual o autor trata sobre softwares de processamento. Além de comentar sobre algumas das opções mais populares do mercado de softwares de processamento pagas, Greenwood comenta sobre softwares livres. A capacidade de processamento das versões livres se equipara às versões pagas, entretanto a grande desvantagem é a facilidade de uso que estas versões “free” não possuem. Pix4D e Agisoft Photoscan são softwares bastante amigáveis e que uma pessoa é capaz de entender suas funcionalidades rapidamente.

Um outro ponto muito pouco discutido e até desconhecido por muitos que Faine aborda ainda dentro do tema softwares de processamento é o chamado “efeito domo”. A associação entre a distorção radial das lentes das câmeras e ângulos de tomada de imagens variáveis podem produzir um efeito denominado domo (dome) que faz com que uma superfície que na verdade é plana, apresente aparência curva, ovalada, semelhante a um domo. Este é um problema que descobri por trabalhar com áreas muito planas e comecei a observar em alguns trabalhos este efeito de superfície ovalada quando na verdade o terreno era perfeitamente plano. A primeira vez que ouvi falar no efeito domo foi neste trabalho da New America.

Principalmente trabalhos de topografia, esse tipo de problema é um grande vilão que pode comprometer seriamente  todo um projeto. Na mosaicagem o efeito domo causa uma grande distorção do mosaico fazendo com que a representação da área mapeada fique distorcida. Na agricultura com drones um mosaico distorcido pelo efeito domo pode resultar na expressão incorreta de áreas de lavoura, caso o profissional não esteja atento a esta questão do efeito domo.

Uma ação bastante simples com a qual tive muito resultado para combater os efeitos mais grosseiros de curvatura de superfícies quando utilizando o software Agisoft Photoscan foi a de manter desmarcada a caixa “corrigir calibração”, como exibe a figura abaixo, além é claro de fornecer os valores corretos para a calibração da câmera.

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Figura 2. Imagem da configuração da câmera no software Agisoft Photoscan.

Por hoje era isso! Espero que a leitura tenha sido proveitosa e agregado conhecimentos. Deixe o seu comentário ali em baixo contando se já conhecia este tipo de problema e como foi sua experiência e soluções!

Até a próxima e bons vôos!

Grande abraço,

CALL_INFOGRÁFICO

Esse conteúdo foi enviado pela autora através do projeto Blog Colaborativo. 

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